Violência não é a melhor saída para impor limites. Veja como educar as crianças sem perder a razão
Se você acha que um tapa no seu filho vai fazer com que ele aprenda
sobre limites e respeito, mude de atitude já! A seguir, veja respostas
para as dúvidas mais comuns sobre o assunto e, ainda, opções que vão
além da palmada para impor limites mesmo nos momentos mais difíceis.
1 - O tapinha carinhoso deve ser considerado agressão?
O contato físico entre filhos e pais é fundamental. Nesse caso, você
deve ter bom senso e analisar a situação. O tapa representa uma
violência, a criança sente dor. Se esse for o caso, o tapa deve ser
considerado uma agressão. Do contrário, se o contato faz parte de uma
brincadeira, é leve e não incomoda, tudo bem. Mas o tapa pode ser um
gesto mandatório e nem sempre os adultos percebem a força exercida. Na
dúvida, não faça.
2 - O que a criança sente quando está apanhando?
Depende da idade. De um modo geral, a criança se sente agredida e não
consegue relacionar o motivo da violência ao que fez para provocar
aquilo. Ele sente medo e isso pode gerar traumas, afinal, ela está
apanhando por um motivo não compreendido.
3 - Como a palmada se forma na memória do adulto?
Ninguém tem lembranças boas de um tapa. Mas como ele vai ser
registrado na memória definitiva, varia de acordo com o vínculo afetivo
estabelecido com os pais.
4 – Nesse caso, a palmada pode se transformar em algo aceitável, ou seja, um valor da família?
Sim. Antigamente, a palmada era usada como instrumento de educação de
forma habitual. Dessa forma, o adulto pode entender que só é possível
educar dessa forma, transmitindo os valores de violência e agressão para
futuras gerações.
5 - Na minha casa, fui criado à base de palmada e hoje não tenho traumas. Por que, então, ela pode ser prejudicial ao meu filho?
Se você pensar dessa forma, deve voltar a assistir TV em preto e
branco, andar com carros antigos, usar as roupas fora de moda. O mundo
evoluiu em todos os sentidos, principalmente na forma de educar, que é a
base da sociedade. Além disso, é impossível prever como um tapa será
recebido por uma pessoa. Há quem seja mais tolerante e outros que sofram
mais. Quem vai querer pagar para ver se isso causará problemas no
filho, se existem outras maneiras de educar?
6 - Por que bater não educa?
Quando o adulto bate no filho, ele está reconhecendo que ficou
impotente diante da atitude da criança. Mostra claramente que perdeu o
controle de si mesmo e a agressão passa a ser a única maneira de manter a
autoridade. A força física de um adulto é maior e se amplia nos
momentos de raiva. Testar os limites dos pais é um comportamento típico
que faz parte do aprendizado da convivência em família. Embora não seja
fácil, os adultos devem lidar com as manhas com carinho e desenvolver a
capacidade de dialogar e explicar as coisas para a criança sem
violência. Afinal, ela é capaz de entender mais do que se imagina. Além
disso, depois de bater muitos pais se arrependem. Essa atitude
contraditória não é positiva para a criança.
7 - Quais são as consequências da palmada para vida da criança?
Em primeiro lugar, a criança primeiro não entende por que está
apanhando. Pode sentir raiva do adulto e aprender que a força é um meio
aceitável de conseguir o que quer. Além disso, para descontar o tapa que
levou dos pais, vai bater nos amiguinhos. O adulto não tem moral para
dizer que isso é errado, as referências da criança ficam, portanto,
confusas. Para piorar, após a agressão, ela vai remoer coisas antigas,
trazer à tona mágoas de quem o agrediu e até mesmo querer se afastar do
agressor.
8 – Ela pode, ainda, ter outros problemas no futuro?
Sim. A criança que apanha também pode ter dificuldades para respeitar
autoridades e receber ordens, já que era controlada pela força física.
Ela obedecia para não apanhar ou somente depois de levar uns tapas.
Assim, na ausência do castigo físico, perde as referências de até onde
pode ir.
9 - Como agir em situações em que as crianças tiram os pais do sério ou ultrapassam limites, como birras e escândalos em lugares públicos?
A questão é colocar os limites claramente para as crianças antes,
conhecer bem os seus filhos. Tapas não são capazes de corrigir as falhas
na educação. O diálogo, a explicação de que aquilo não é certo, com
carinho, é mais eficiente. Pois, dessa forma, a criança compreende
melhor. O tapa só vai estancar uma ação que provavelmente irá se
repetir.
10 – Em vez de bater, tem problema gritar com a criança?
Sim. Substituir os tapas por gritos também não adianta. É um tipo de
agressão verbal, por isso, tem praticamente o mesmo efeito da violência
física.
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