Conheça os motivos que fazem com que adolescentes estudem na Educação de Jovens e Adultos.
A presença de adolescentes na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ensino Fundamental é preocupante: quase
20% dos matriculados têm de 15 a 17 anos. O número de alunos dessa
faixa etária na modalidade não tem sofrido grandes variações nos últimos
anos, apesar da queda no total de matrículas (28,6%). Dados da Ação
Educativa com base nos Censos Escolares indicam que, em 2004, eram 558
mil estudantes e, em 2010, 565 mil. O cenário tem chamado a atenção dos
especialistas da área. Por que esses adolescentes estão frequentando a
modalidade, em vez de estar na Educação Básica regular? São vários os
motivos (leia na última página os depoimentos de 13 estudantes). Alguns
extrapolam os muros da escola, enquanto outros têm a ver diretamente com
a qualidade da Educação, ou seja, envolvem o Ministério da Educação
(MEC), Secretarias Municipais e Estaduais, gestores e, é claro, os
professores que lecionam na modalidade.
Três grandes questões
sociais fazem com que, todos os anos, muita gente desista de estudar ou
então deixe a sala de aula temporariamente:
- Vulnerabilidade Muitos
estudantes enfrentam problemas como a pobreza extrema, o uso de drogas,
a exploração juvenil e a violência. "A instabilidade na vida deles não
permite que tenham a Educação como prioridade, o que os leva a abandonar
a escola diversas vezes. Quando voltam, anos depois, só resta a EJA",
diz Maria Clara Di Pierro, docente da Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (USP).
- Trabalho A necessidade de compor a
renda familiar faz com que muitos alunos deixem o Ensino Fundamental
regular antes de concluí-lo. O estudo Jovens de 15 a 17 Anos no Ensino
Fundamental, publicado este ano na série Cadernos de Reflexões, do MEC,
revela que 29% desse público que está matriculado do 1º ao 9º ano já
exerce alguma atividade remunerada, sendo que 71% ganham menos de um
salário mínimo. A dificuldade de conciliar os estudos com o trabalho faz
com que mudar para as turmas da EJA, sobretudo no período noturno, seja
a única opção.
- Gravidez precoce A chegada do primeiro filho ainda
na adolescência afasta muitos da sala de aula, principalmente as
meninas, que param de estudar para cuidar dos bebês e, quando conseguem,
retornam à escola tempos depois, para a EJA. Assim, não estudam com
colegas bem mais novos e concluem o curso em um tempo menor. Segundo a
Fundação Perseu Abramo, 20% dos meninos que largaram os estudos tiveram o
primeiro filho antes dos 18 anos. Entre as mulheres, esse percentual é
de quase 50%. Dessas, 13% se tornaram mães antes dos 15 anos, 15% aos 16
anos e 19% aos 17 anos.
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